Manter a paixão viva na intimidade é uma prática profunda que desafia o casal para quem o despertar da consciência e do coração se torna uma aspiração de vida.
O maravilhamento em que caímos quando nos apaixonamos é uma manifestação da nossa natureza profunda, da nossa bondade essencial, desta vocação natural que temos para amar incondicionalmente e para sentir a luminosidade e a pureza de tudo o que existe.
Quando nos apaixonamos tudo adquire uma luz diferente. Seja por nós próprios, seja por outro ser, seja pelo mundo. Tornamo-nos naturalmente mais alegres e leves, mais vastos e amorosos. As dificuldades da vida desvanecem-se ante a expectativa de experienciar aquilo que nos desperta essa paixão.
Quando somos convidados pela Vida a apaixonar-nos há uma energia poderosa que intensionalmente nos arrebata e nos lança nos céus abertos onde podemos dançar e voar, onde podemos experienciar as dimensões mais profundas e subtis do ser, em infinita plenitude. Onde tudo está bem. Onde tudo é perfeito.
Ao contrário daquilo que nos é normalmente sugerido, quando nos apaixonamos por alguém não ficamos cegos. Ficamos antes com a capacidade de contemplar o ser amado com uma visão pura. Com o olhar da nossa natureza profunda que vislumbra a grande perfeição em tudo o que se manifesta. O olhar que pressente sem véus a dimensão livre e infinita do ser amado. E se enamora irremediavelmente disso.
Manter a paixão viva e abraçar o grande desafio que a viagem a dois nos lança, e que tantas vezes falhamos, é regressar persistentemente a essa visão pura, de forma amorosa e compassiva, regressar a esse fundo natural do ser onde não há espaço aos obscurecimentos do ego que nos impedem de ver o profundo e maravilhoso mistério que está sempre presente na pessoa amada enquanto manifestação única da realidade última.
Manter a paixão viva e aceitar este desafiante convite que nos é lançado pela vida é saber integrar corajosamente nessa paixão tudo aquilo que em nós se manifesta independentemente da sua cor e usar todas as circunstâncias difíceis como oportunidades únicas para a abrir ainda mais o coração e tornar essa paixão ainda mais profunda, ainda mais real.
Manter a paixão viva é permitirmo-nos enamorar vezes sem conta, como se da primeira vez se tratasse, daquele ser que na verdade é sempre outro, mantendo um olhar puro que percebe a luminosidade e a radiância da sua essência mesmo nas situações mais improváveis.
E o que nos impede de ficar nesse lugar de encantamento é o medo. Esse medo que nos fere o corpo. O terror que tantas vezes nos invade quando estamos no espaço profundamente vulnerável de Ser Amor. De Amar para lá de todas as máscaras e do próprio ser Amado. É o pressentir esse Amor imenso que somos e que nos une a tudo quanto vive.
A visão pura mantém-se quando não há espaço para que os véus das nossas visões distorcidas distorçam a realidade. Quando a relação é uma porta aberta á contemplação daquilo que de mais sagrado e profundo existe. Quando a intimidade é uma Viagem que constantemente convida os amantes a auto superarem-se em infinito Amor e ao compromisso íntimo e secreto de a tudo e a todos beneficiarem através dele.